O que é Bruxismo?
O bruxismo pode ser definido como um hábito parafuncional, isto é, não relacionado à execução das funções normais, e que consiste em movimentos involuntários ritmados e espasmódicos de ranger ou apertar os dentes. Esta parafunção pode ocorrer tanto de dia – bruxismo de vigília, como de noite – bruxismo do sono.
Segundo estudos epidemiológicos, 80 a 90% da população (adulta e criança) apresenta sinais e sintomas do bruxismo, porém só 5% a 20% destes indivíduos têm consciência deste hábito (para maiores informações ler artigo: “o bruxismo nosso de cada dia”).
O bruxismo pode ser brando e não requerer tratamento, porém, ele pode ser severo e intenso e levar a desordens articulares e musculares, cefaléias, zumbidos nos ouvidos, danificar e até levar á perda de dentes. É comum , o portador de bruxismo noturno só se dar conta que ele é portador deste distúrbio quando ocorre uma complicação mais severa (como a fratura de um dente) ou quando a pessoa que dorme ao lado reclama de “barulhos de rangimento durante o sono”.

Porém, estudos mais recentes (2013 a 2015) mostram que o bruxismo diurno ou de vigília é mais prejudicial do que o do sono e que ele seria o maior fator de risco para o aparecimento de mialgias e artralgias da ATM. De fato, esses estudos sugeriram que o apertamento dentário durante o dia era quase 6 vezes mais frequente que o bruxismo do sono em pacientes portadores de dores na ATM e nos músculos da mastigação (região temporal principalmente).
Por esta razão, é importante conhecer os sinais e sintomas desta parafunção.
Sinais e sintomas do bruxismo podem incluir:
- Cefaleia tensional, com dor em região temporal com pico no final da tarde
- Zumbido sem origem definida
- Boca dolorida com os músculos da face pesados e cansados
- Rangimento, apertamento ou encostamento dos dentes durante o dia ou a noite
- Dentes desgastados, fissurados, lascados e fraturados
- Aumento de sensibilidade dentária (principalmente ao frio)
- Hipertrofia dos músculos da face (principalmente masseter)
- Dor na região do ouvido, devido a contrações severas dos músculos da face
- Dor facial crônica
- Língua e bochechas com sinais de mordiscamento
Quando devo procurar um especialista?
- Cefaleia tensional cronica
- zumbido sem origem definida
- Seus dentes estão desgastados, danificados ou sensíveis
- Você sente dor na boca, na face ou na região do ouvido
- O seu parceiro reclama que você faz um barulho de “rangimento” enquanto dorme

Causas do bruxismo e fatores de risco
- Ansiedade, estresse ou tensão
- Frustração e raiva reprimida
- Agressividade, competitividade ou personalidade hiperativa
- Modificações que ocorrem durante os ciclos do sono
- Resposta para dor de ouvido ou dor de dente (em crianças)
- Crescimento e desenvolvimento das arcadas e dos dentes (em crianças)
- Complicações de uma patologia sistemica como a doença de Huntington ou doença de Parkinson
- Efeitos colaterais de alguns medicamentos, tais como os antidepressivos ou drogas como a cocaína, heroína, etc..
- Idade: o bruxismo é mais freqüente em crianças e vai diminuindo com o passar dos anos
Complicações associadas ao bruxismo
O bruxismo do sono está cada vez mais “em baixa” e perdendo o seu posto de “grande vilão” para o Bruxismo de vigília, porem pela sua característica de rangimento de alta intensidade e baixa frequência, pode levar a desgaste e até fraturas das estruturas dentárias.
As pesquisas mais recentes mostram que o bruxismo de vigília, sendo de baixa intensidade e de alta frequência está se tornando num dos grandes fatores de risco para os distúrbios citados abaixo e causar sérias complicações, como:

- Dor facial
- Cefaléias tipo tensional
- Zumbido e barulhos estranhos no ouvido
- Desordens temporo-mandibulares, que ocorrem nas articulações temporo mandibulares (ATM), localizadas em frente ás orelhas e que podem dificultar as varias funções e movimentos, como abrir e fechar a boca e provocar ruídos (estalos durante a abertura, a mastigação…)
- Desgaste e até fratura de dentes e restaurações
- Cervicalgias ou Dores no pescoço, nuca e parte alta das costas.
Tratamentos para o bruxismo
Se você tem bruxismo noturno, o seu dentista poderá sugerir a utilização de uma placa de relaxamento muscular e de proteção dental durante o sono para evitar danos aos dentes. Estas placas são geralmente confeccionadas em acrílico rígido e ajustadas sobre seus dentes superiores ou inferiores.
Contudo, muitas crianças superam este hábito naturalmente, enquanto que na maioria dos adultos que apresentam este distúrbio, os sinais e sintomas não atingem um nível de gravidade que exige qualquer tratamento.
Em relação ao bruxismo de vigília, se ele estiver associado á Cefaleias tensionas, distúrbios da ATM e zumbidos, a intervenção terapêutica faz-se necessária e as opções incluem a terapia cognitiva comportamental (com técnicas de reversão de hábitos), terapias físicas (fisioterapia, termoterapia, acupuntura, TENS) e as técnicas de biofeedback, cada vez mais eficientes.
Neste sentido e após longos e frutíferos anos de pesquisas, iniciadas na Universidade de Paris em 2004 e complementadas na Faculdade de Odontologia da USP e no Hospital das Clinicas da Faculdade de medicina da USP, desenvolvi um tratamento absolutamente inovador para o controle destes distúrbios . É um tratamento reversível, não invasivo, que não requer o uso de nenhuma substância química e que, por consequência, não apresenta praticamente nenhuma contra indicação.
O tratamento baseia-se no uso de um dispositivo (patente depositada) que, através de “biofeedback”, ajuda o paciente a monitorar, em tempo real, a sua condição muscular e articular. Clique aqui e saiba mais sobre o tratamento LIVA.
Os resultados clínicos são muito encorajadores e nos deixa esperançosos que, enfim, poderemos controlar e atenuar de uma maneira não medicamentosa estas dores crônicas tão comuns nos dias de hoje.
Se você apresenta um bruxismo secundário, como um efeito colateral de um medicamento antidepressivo que você toma, o médico poderá alterar a sua medicação ou prescrever um outro medicamento.
Uso de Toxina Botulínica para DTM
Na dor miofascial mastigatória persistente, o uso de Toxina Botulínica não se mostrou clinicamente relevante e mais efetivo que as terapias físicas tradicionais sendo portanto controverso e sem indicação para o Bruxismo idiopático.
